Poesias

DOS MALES

Há males
que têm vida própia
como as águias e os corvos
que pousam em nossa sombra
e esperam para bicar nossos olhos.

Há males
que têm um riso e um vozear
de sisudo escárnio
e só discursam sobre seus ossuários
quando emudecem os sinais vitais do povo.

Há males
que têm sede de almas poluídas
e fome de carnes corruptas
e só desdenham quando o amor
cala fundo no coração.

Há males
com mãos grandes que só invadem
pelo olho grande do desejo
e morrem pelas bocas
ávidas da paixão.

Há males
que te encilham, arream
e cabresteam o cavalo que escoucea
/dentro de ti.
até que aprendas a suportar
o relho e as esporas e viver de capim.

Há males
que o tempo perdoa,
menos a indiferença, o desdém,
a impiedade-e as raposas
que não deixam de comer as galinhas.

Há males
que gritam, berram, esperneiam
e Deus não os ouve,
e há outros que se calam
e o diabo os escuta.

Paulo Roberto do Carmo
01/03/2017

 

 

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